quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Shame


"Secretamente, deve sentir muita vergonha de si mesmo. É mesmo muito importante mostrar ao mundo uma cara atrevida, mas suponho que, de vez em quando, estando sozinho e ninguém a observá-lo, você deve retirar a máscara para respirar. Do contrário, já teria morrido sufocado."
(Oscar Wilde, trecho do livro De Profundis)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pessoas-água



Há pouco tempo atrás, conversei com dois amigos que fazem mestrado em química e estagiam em um laboratório. Eles estavam criticando a postura de uma colega dissimulada e compararam a hipócrita moça com a água. Segundo eles, a água não se opõe a coisa alguma; ela apenas se molda ao recipiente em que está inserida. Tanto a colega deles quanto a água são capazes de se moldar a qualquer recipiente, a qualquer coisa. Pode parecer que isso é uma qualidade, a da flexibilidade. Mas, neste caso, não é de flexibilidade que estamos falando, e sim da ausência de princípios em algumas pessoas que se moldam conforme lhes é conveniente.
Essa comparação interessantíssima de pessoas com a água cai como uma luva para algumas que conheço. Vou chamá-las de pessoas-água. São o tipo de pessoas que não tomam partido de nada nem de ninguém para agradar a gregos e troianos sempre. Não tomar partido é uma zona de conforto e uma estratégia que foram adquirindo no decorrer de suas vidas e de que nunca vão se livrar. Afinal, elas sabem que podem pagar um alto preço caso expressem suas reais opiniões; isso inclui serem excluídas de um grupo social a qual pertençam. Assim como esses meus amigos compararam pessoas que não tomam partido de nada com a água, recentemente vi uma participante de reality show comparando outra sister com vaselina, pois está sempre escorrendo, escorregando, para não manifestar suas verdadeiras opiniões. Como diz a Teoria do Espiral do Silêncio, desenvolvida pela pesquisadora alemã Elisabeth Noelle Neumann, o indivíduo tende a manter-se em silêncio quando tem um opinião diferente da dos demais, com medo do isolamento social como punição.
Sim, eu sei que se manter em cima do muro é confortável, evita a fadiga e nos poupa de vários aborrecimentos. Mas penso que para ser um amigo verdadeiro e honesto, às vezes é necessário tomar partido de quem você gosta. Tão líquidos quanto as pessoas-água são as relações que elas estabelecem com as demais. Não são relações cujos laços são concretos de amizade verdadeira, são relações superficiais e os laços são líquidos e feitos de álcool. As pessoas-água cultivam relações fúteis baseadas em festas e coisas supérfluas. Elas desaparecem quando chega a hora de ajudar um amigo que está passando por dificuldades, pois quando acaba a festa não existe uma verdadeira amizade. “Me procure apenas para me convidar para tomar uma cerveja, não para pedir conselhos nem um ombro amigo, ok?”, é assim que as pessoas-água pensam.
Porém, um dia irão se deparar com a solidão, pois por terem estabelecidos relações supérfluas e se importado mais com números e quantidade do que com a qualidade dos “amigos” escolhidos, perceberão que estes somem quando a festa acaba.
Quando as pessoas-água estão com você, dão risadinhas convenientes e fazem determinados discursos. Quando estão com chefes, colegas de trabalho e outras pessoas em geral, dão as mesmas risadas convenientes e apresentam os mesmos discursos – semelhante à forma como agem alguns artistas internacionais fabricados em suas turnês mundiais: eles proclamam exatamente o mesmo discurso ensaiado de agradecimentos e afins em todos os países pelos quais passam.
Essa obsessão em querer agradar a todos se estende também ao campo afetivo. Quando estão solteiras se vestem de uma determinada maneira, frequentam um determinado tipo de lugar e escutam um estilo de música específico. Quando começam a namorar, anulam sua própria personalidade e passam a se vestir de uma maneira totalmente diferente do que quando estão solteiras, procurando agradar ao máximo ao (à) parceiro (a). Passam a frequentar lugares e ouvir determinados tipos de música de que nunca gostaram (e que ainda continuam não gostando) apenas para agradar aos (às) atuais namorados (as). E então vemos meninas que a vida inteira se vestiram como patricinhas se transformarem, da noite para o dia, em roqueiras, gaudérias ou qualquer estilo que agrade ao namorado. Sabe aquela menina acéfala que você conhece e que passou a vida inteira escutando lixos musicais? Pois é, atualmente, ela publica em redes sociais que ama rock n’ roll e posta vídeos de clássicos do rock. Diz que ama Led Zeppelin e só conhece “Stairway To Heaven” e olhe lá. Tudo isso por quê? Porque anulou sua própria personalidade para agradar a um namoradinho roqueiro que provavelmente pouco se importa com ela.
E quanto à frase: “O mundo é dos espertos”, discordo. Essa esperteza, na visão de algumas pessoas, é sinônimo de dissimulação, falta de ética e desonestidade. Pessoas honestas não devem se desencorajar com essa frase e achar que só quem é mau caráter se dá bem. Os dissimulados vencem só até certo ponto, mas chega uma hora em que caem do cavalo, como diz o ditado popular. Do que adianta conquistar coisas não sendo verdadeiro e construindo relações baseadas na hipocrisia? É tão bom o gosto de conquistar uma promoção no trabalho sem precisar puxar o saco de chefes e sim pelo seu próprio esforço e talento. Tão gratificante conquistar o carinho das pessoas sem precisar fingir. Tão compensador conquistar coisas sendo quem você é.
Como diz um trecho da música "Não sei", da divertida banda de rock gaúcha TNT, “cansei dessa gente, desse papo furado”. Na idade adulta, temos no mínimo o direito de escolher nossas companhias. Pode parecer conselho barato de livro de auto-ajuda, mas cerque-se apenas de pessoas que te fazem e te desejam o bem. Por isso, se afaste de pessoas-água. Elas são insípidas, inodoras, incolores e em nada te acrescentam. Mas misturadas com o veneno, elas ficam iguais a ele.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sexo frágil o caramba!

Ao ler o artigo "Terror que usa saia: Especial  Dia das Mulheres", no site www.bocadoinferno.com (extremamente recomendado para os fãs do gênero terror), lembrei de algumas personagens femininas em filmes de terror que me marcaram. Sexo frágil? Que nada! As mulheres, nos filmes de terror, matam, torturam, saem no tapa com assassinos e são capazes de qualquer coisa na luta pela sobrevivência.
Nota-se que a partir da década de 80, se instalou na maior parte dos filmes de terror produzidos naquela época uma espécie de mensagem feminista, pois as mulheres, sejam elas mocinhas ou vilãs, de frágeis não tinham nada e geralmente eram as únicas sobreviventes de chacinas promovidas por psicopatas mascarados, depois de terem lutado bravamente contra o assassino. Basta olharmos as franquias Sexta Feira 13 ou Halloween para comprovarmos isto.
Algumas vilãs deixam qualquer assassino do sexo masculino no chinelo. Vingativas, ousadas e agressivas, elas são capazes dos piores crimes regados a muita crueldade e sadismo. Abaixo, uma breve descrição de apenas algumas das várias memoráveis vilãs de filmes de terror e suspense.


Regan MacNeil (O Exorcista): A endemoniada Regan amedrontou gerações com seu antológico giro de cabeça completo. Possuída por algumas entidades do mal, a garota sofria convulsões, falava palavrões e avançava ferozmente contra os padres que tentavam exorcizá-la, para o desespero de sua mãe.


Pamela Voorhees (Sexta Feira 13): A eterna mãe do vilão Jason Voorhees tinha sede de vingança em decorrência da morte do filho, que afogou-se enquanto os monitores do acampamento, que deveriam estar cuidando das crianças, estavam mantendo relações sexuais. Pamela os matou impiedosamente, e anos depois, quando alguns jovens instalaram-se no acampamento, dona Pamela deu sequência à matança, motivada pela morte do filho Jason, até ser decapitada no final.


Alex Forrest (Atração Fatal): Glenn Close interpreta, nesse clássico filme que sempre quero rever, uma executiva que se envolve com Dan Gallagher, interpretado por Michael Douglas. O pobre homem nem imaginava o inferno que sua vida se tornaria. Alex não aceita que o envolvimento tem um curto prazo de validade, afinal Dan é casado, e a partir daí começa a demonstrar o quão perigosa pode ser. Desequilibrada, emocionalmente instável, obsessiva e ardilosa, Alex torna a vida de Dan um inferno.


Peyton Flanders (A Mão que Balança o Berço): Peyton vai trabalhar como babá na casa de uma família e inferniza a todos com uma série de intrigas e crueldades. Quando o jardineiro descobre uma de suas maldades, Peyton dá uma prensa nele literalmente e o ameaça dizendo que terá uma versão bem melhor que a dele caso o pobre o homem a denuncie. Após a ameaça, a babá dá uma bofetada no rosto do jardineiro e o chama de retardado, em uma cena que chega a ser engraçada de tão cruel. O olhar fuzilante e ameaçador que ela lança ao empregado é impagável.


Esther (A Órfã): A pequena garota órfã conquista uma família por se destacar entre as crianças do orfanato. Não demora muito para que Esther mostre sua verdadeira face maléfica. Dentre várias maldades, a que mais merece destaque é a cena em que a órfã ameaça seu irmão adotivo com um estilete dizendo: "Se você contar o que viu, vou cortar o seu pinto fora antes que descubra para o que ele serve".

Já as vítimas, muitas vezes, surpreendem o público mostrando que não são apenas donzelas indefesas e que sabem se defender, lutando ferozmente para se manterem vivas. Em alguns filmes, chegam até a passar de vítimas a assassinas, para vingarem-se de seus algozes. Abaixo, duas mocinhas corajosas que se defenderam bravamente.

Chris (Sexta-Feira 13 Parte III): Ao contrário do que li em um blog, o qual dizia que a sobrevivente de Sexta-Feira 13 Parte III não tinha carisma e não soube lutar ferozmente, eu considero Chris a mais corajosa heroína da franquia. Encurralada dentro de um quarto, a moça teve de retirar uma faca cravada em um cadáver para se defender de Jason. Após esfaquear a mão do assassino e conseguir escapar, Chris ainda tem a coragem de esperar Jason do lado de fora da casa e quando esse sai para fora, ela o ataca com uma enorme pedra golpeando-lhe a cabeça. O duelo assassino X vítima terminou no celeiro, onde a valente garota acertou um golpe de machado em Jason, além de enforcá-lo.

Jennifer (Doce Vingança): O filme, que é um remake de "A Vingança de Jennifer", clássico do década de 70, traz uma Jennifer bem mais cruel e implacável que a original. Jennifer, neste remake, é estuprada por um grupo de homens. Quando pensam que está morta, a garota inicia uma feroz vingança, eliminando impiedosamente um a um dos covardes estupradores.