sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Realmente vi que havia algo de errado com Esther quando...

Confesso que não gosto muito de filmes de terror ou suspense cujo assassino é uma criança, mas após ler críticas favoráveis sobre “A Órfã” no site http://www.bocadoinferno.com.br/, as quais diziam que o filme tem um final surpreendente (e eu realmente gosto de finais inesperados), resolvi locar “A Órfã” ontem. E recomendo.
A atmosfera tensa e algumas cenas do longa muitas vezes lembram filmes como “O Bebê de Rosemary”, “A Profecia” e até mesmo “O Anjo Malvado”. A atriz mirim Isabelle Furhman consegue convencer na pele da perversa e misteriosa Esther (apesar de que torci para que Esther desse uns bons tabefes na coleguinha de classe que a perturbava). Vera Farmiga, atriz que interpreta Kate, a mãe adotiva de Esther, também realizou uma atuação convincente, que faz com que o telespectador tenha compaixão e torça por ela, já que é a primeira a notar que há algo de errado com Esther e tenta alertar a todos à sua volta, mas sem sucesso é tachada de louca, inclusive pelo próprio marido.
Aliás, "Há algo de errado em Esther" é o slogan do filme e desde o começo tentei imaginar qual seria o segredo da diabólica órfã. Primeiramente pensei em algo óbvio, ou seja, que o filme copiaria a fórmula de "A Profecia" e que Esther seria uma criança discípula do capeta ou membra de uma seita satânica, já que estranhamente usava aquela coleira e se tornava agressiva cada vez que alguém tentava tirá-la. Depois passei a achar que era um plano do marido de Jane para deixá-la louca e que Esther era sua cúmplice. Se as minhas hipóteses estão certas ou erradas, prefiro não revelar caso alguém leia este texto e ainda não tenha visto o filme. Realmente vi que havia algo de errado com Esther quando esta quebra o próprio braço. 
"A Órfã" não entrou na minha lista de filmes de suspense favoritos, mas certamente não é um filme ruim, ao contrário, tem uma ótima direção, cenas cheias de tensão e suspense e um desfecho inesperado, então posso dizer que recomendo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os 15 anos do Remedinho Amargo


O remedinho amargo que marcou a vida de muita gente, inclusive a minha, completou 15 anos no dia 13 de junho de 2010. Fato que quase passou despercebido por mim, se não tivesse descoberto quarta ou quinta da semana passada através da internet. O remedinho amargo a que me refiro é Jagged Little Pill, o terceiro álbum de Alanis Morissette e o primeiro a ser lançado mundialmente.

Em 1997, eu tinha 12 anos e ouvia falar muito em Alanis Morissette, mas era alienado musicalmente e ainda não era adepto da MTV, então não sabia quem era essa figura tão falada. No verão de 1998, ouvi pela primeira vez o álbum Jagged Little Pill, mas as únicas músicas que me chamaram atenção foram You Learn e Ironic. Gostei muita dessas duas músicas e não liguei para o resto do álbum. Logo liguei a música à imagem e descobri quem era a tal Alanis através de vídeo-clipes. Esperava que fosse mais bonita. Em 1999, escutei o Supposed Former Infatuation Junkie, sucessor do Jagged Little Pill, e gostei de quase todas as músicas. A partir deste ano, comecei a me interessar cada vez mais por Alanis e a gravar seus clipes e shows em fitas de vídeo-cassete. Mais para o fim deste mesmo ano, comecei a descobrir mais músicas do Jagged Little Pill, álbum que eu havia subestimado no ano anterior. Em 2000, Alanis Morissette definitivamente já fazia parte da minha lista de artistas favoritos e a admiração se tornou ainda maior depois que assisti um programa sobre sua vida exibido no Multishow. Sua voz me encantava, assim como também a achei simpática e inteligente. Foi impossível ficar imune a Alanis cada vez que descobria a tradução de alguma de suas músicas. A raiva e a indignação após ter sido traída em You Oughta Know e a bela Unsent - a qual alanis compôs usando trechos de cartas que ela nunca enviou para os caras com quem já se relacionou - me fascinaram. Eu nunca tinha visto em minha vida alguém cantar sobre coisas tão íntimas e de certa forma expor tanto a sua vida pessoal em letras de música.

Então decidi que ia comprar o remedinho amargo. Economizei moeda por moeda e comprei-o em um sábado em meados de dezembro de 2000. Lembro-me que comprei de manhã, em um dia que iria posar sozinho em casa. Esperei até a noite para ouvi-lo. E quando ouvi, entrei em transe. Cada música do álbum, com exceção de Mary Jane (hoje em dia gosto desta canção, inclusive acho que de todas da Alanis esta é a em que a voz dela está mais bonita) e Wake Up, me provocavam arrepios. As melodias, os arranjos e os vocais me agradavam enlouquecidamente. Me identifiquei com Perfect, na qual Alanis fala das pressões e exigências que sofremos por parte da família, que está sempre querendo que sejamos os melhores em tudo e nos comparando com outras pessoas. Aquele grito agoniado que ela dá no trecho "why are you crying..." é de arrepiar. A interpretação vocal de Your House é comovente (por mais piegas que essa palavra soe, não há outra para descrever). A indignação raivosa e eloquente de You Oughta Know também foi incrivelmente marcante. Alguns a consideram como o "hino dos amantes rejeitados", afinal quem nunca se sentiu como Alanis nessa música após levar um par de chifres ou um belo pé na bunda? Aliás, toda essa raiva expressada em You Oughta Know fez com que muita gente pensasse que Alanis era lésbica, pois algumas revistas estampavam Alanis na capa e colocavam chamadas como: "Alanis: a mulher que odeia os homens", assim como também diziam que Alanis havia feito um álbum inteiro de ódio aos homens. Totalmente errado. Alanis nunca disse que odiava homens e muito menos fez um álbum inteiro falando que tem aversão ao sexo masculino. Ela apenas fez uma música para expressar sua raiva após ter sido rejeitada. E nem todas as letras de Jagged são raivosas. Algumas são reflexivas, como You Learn e Ironic e há também a balada Head Over Feet, que fala daquele estado patético de encantamento que as pessoas ficam quando estão apaixonadas e quando tudo é novo. Lembro-me que aquele solo de gaita nesta música foi durante anos altamente viciante para mim.

Assim é Jagged Little Pill: um álbum simples e visceral ao mesmo tempo. Vocais na maior parte do tempo gritados e raivosos, mas as vezes suaves também. Os arranjos são simples, vão do pop rock ao rock alternativo, com pitadas deliciosas de grunge. As letras são confessionais e falam sobre os relacionamentos frustrados de Alanis e sua maneira de ver a vida. Hoje em dia quando escuto Jagged, o impacto musical e emocional já não é mais o mesmo. Acho que a produção poderia ser um pouco menos simplória e ter arranjos mais caprichados e iguais aos que os shows de Alanis tinham ao vivo na época do álbum. You Learn na versão de estúdio tem um simplório arranjo pop rock, mas ao vivo ganhava guitarras pesadas e um belo solo de guitarra virtuoso no meio da música. Mas segundo a própria Alanis e o produtor do álbum, Glen Ballard, ser simples era exatamente a intenção do Jagged: as canções eram compostas em menos de 30 minutos e logo em seguida gravadas. 80% do álbum são as demos originais e nenhuma canção era aprimorada, para que soasse crua e visceral. Sem dúvida, um ótimo álbum dos anos 90 e curiosamente outros três de meus álbuns preferidos também são de 1995: (Wha'ts The History) Morning Glory, do Oasis, The Bends, do Radiohead e Mellon Collie and The Infinite Sadness do Smashing Pumpkins.

Ao contrário do que muita gente pensa, Jagged não é o primeiro álbum de Alanis. É o terceiro, porém o primeiro a ser lançado mundialmente. No Canadá, seu país natal, ela já havia lançado dois álbuns: Alanis (1991) e Now Is The Time (1993). Todos dance-music da pior qualidade. Muitos produtores torceram o nariz para o remedinho amargo, até que a Maverick, gravadora da material girl, contratou Alanis e Jagged se transformou num fenômeno de vendas, vendendo mais de 30 milhões de cópias no mundo inteiro. Alanis, depois de Jagged, lançou álbuns totalmente diferentes, decepcionando a muitos de seus fãs. As músicas de estúdio ficaram mais suaves e perderam o peso de antes e suas performances ao vivo já não tinham mais a mesma agressividade dos tempos de Jagged. Toda vez que Alanis lança um álbum os fãs ainda esperam um "Jagged Little Pill II" e se decepcionam quando o resultado é outro. Talvez a maioria prefira a Alanis raivosa à mulher madura e calma que ela se tornou.

Alanis serviu de referência para cantoras que vieram depois, principalmente para Avril Lavigne, cujo timbre de voz em muitas de suas músicas lembra o estilo de Alanis. Mas a própria Alanis, obviamente, também tem suas referências e inspirações. Alguns acham que Alanis copia ou que no mínimo sua voz lembra a de Dolores O'Riordam, do The Cranberries. Sabe aquele estilo de cantar que muitas cantoras tem, com mudanças de voz que vão do grave ao agudo, com ou sem falsetes, e aquela maneira de cantar gritada e raivosamente com um gemidinho no final de uma frase? Para mim, a precursora nesse estilo de cantar é Sinead O'Connor. Recomendo que escute Jackie, Jerusalem e Troy de Sinead O'Connor e notarão essa influência na maneira de cantar de Alanis e Dolores. Sinead, a carequinha nervosa e revoltada, também abriu portas para cantoras e compositoras que cantam visceralmente sobre seus sentimentos.

Por causa das letras confessionais de Alanis, comecei a me interessar por artistas compositores que seguem esse gênero. E então descobri Bob Dylan, que fez um álbum inteiro falando sobre sua separação, o excelente Blood On The Tracks (1973), a própria Sinead O'Connor, que canta sobre os abusos que sofria na infância e também fala sobre a dor da separação na melancólica canção The Last Day Of Our Acquaintance, Billy Corgan do Smashing Pumpkins e Morissey do The Smiths. Ah, e não poderia deixar de falar de uma cantora indie chamada Liz Phair, que infelizmente passou despercebida pelo grande público. Ela lançou seu primeiro álbum em 1993, chamado Exille On Guyville, e também fazia letras pessoais. A mais chocante delas é Flower, em que fala coisas do tipo: "toda vez que vejo seu rosto fico molhada entre minhas pernas, quero ser sua rainha do boquete e transar até seu pau ficar azul...". Perto dela, a letra de You Oughta Know é cantiga de ninar. Sem falar que por causa da Alanis comecei a me interessar por gaita de boca, e descobri artistas como Aerosmith, Bob Dylan e Neil Young.

Por tudo isso que já foi dito, é que Jagged Little Pill marcou minha vida. Como já falei, nunca tinha visto em minha vida alguém que se abrisse tanto em letras de músicas como Alanis. Um excelente álbum que jamais será esquecido. O mesmo impacto que o remedinho amargo teve em minha vida, Little Earthquakes, de Tori Amos, teve na vida de Alanis. Já estou baixando para conferir que impacto terá na minha.

domingo, 30 de maio de 2010

A falta de conhecimento sobre criação publicitária





























Presenciei ano passado uma conversa que revoltaria a qualquer profissional formado ou estudande de Publicidade e Propaganda. Disse um veterano do curso de Jornalismo a uma caloura do mesmo curso que queria migrar para Publicidade: "Para que cursar Publicidade? Basta fazer um curso de 6 meses de coreldraw ou photoshop que você já é publicitária". Infelizmente pensamentos como esse e a falta de conhecimento sobre a área ainda imperam. A publicidade possui várias áreas de atuação como marketing, planejamento de campanha, atendimento, produção em rádio, tv e cinema, mas talvez no segmento de criação de peças gráficas, justamente a área da Publicidade de que mais gosto e na qual trabalho, é que o desconhecimento e a desvalorização parecem ser maiores.
É lamentável, mas muitos pensam como aquele estudante de jornalismo. Acham que para ser publicitário, especialmente da área de criação, só é preciso saber operar programas como coreldraw e photoshop. Sim, realmente existem pessoas que nunca cursaram Publicidade e Propaganda e que entendem destes programas muitas vezes até mais do que publicitários formados. Porém entender destes softwares não torna ninguém publicitário. Fazer um curso de 6 meses de coreldraw e/ou photoshop pode até deixar alguém mestre nestes programas e fazer com que a pessoa conheça e domine todos os truques e efeitos, mas não é em cursos como esses que você aprenderá sobre psicodinâmica das cores e tipologia das fontes. Só um publicitário formado ou que ainda está cursando Publicidade sabe quais são as cores certas na hora de compor um anúncio. Não há dúvidas de que a cor exerce papel importante no psicológico de cada um. As cores são usadas para estimular, acalmar, afirmar, negar, decidir, curar e, no caso da propaganda, vender. É sabido que temos reações e sensações diferentes para cada cor. Por, exemplo o vermelho é uma cor que excita, aquece e desperta a fome, enquanto o azul-claro acalma e transmite refrescância. Sem dúvida tomar como base os estudos e as associações psicológicas do homem diante das cores é importante no momento da criação de um anúncio, uma embalagem ou qualquer que seja a peça publicitária. A linguagem da cor é um meio atrativo que atua sobre o subconsciente dos consumidores. E nestes cursinhos de programas de edição de imagens também não se aprende sobre quais as fontes adequadas para cada tipo de peça, sobre como diagramar e distribuir elementos dentro de uma criação para que esta se torne atrativa e agradável visualmente. Resultado: peças gráficas poluídas, de mau gosto, com cores e fontes inadequadas, produzidas por pessoas que pensam que entendem do assunto. O que algumas pessoas não entendem é que produzir seu próprio material publicitário, embora mais barato, não agrega todos os benefícios que esse material poderia trazer se fosse realizado por profissionais competentes.
E não é só conhecimento sobre significado das cores e tipologia das fontes que o publicitário deve ter. É preciso ter conhecimentos também sobre psicologia e principalmente sobre a língua portuguesa. Deve-se estudar o comportamento dos consumidores; sobre quais são as razões de fundo psicológico que os levam a comprar e como mexer com suas emoções. Para isso é preciso deixar de lado preconceitos e ideias fechadas, como por exemplo, aquelas ideias de que todos os homens são iguais e de que todas as mulheres são iguais. Um pensamento assim é fechado, retrógado e simplista demais. É óbvio que se analisarmos um grupo de mulheres notaremos várias coisas em comum, como gostos e experiências. Mas apesar das semelhanças, não podemos esperar que todas sejam iguais porque cada uma traz consigo uma bagagem cultural própria, conhecimentos e experiências distintas, de acordo com o ambiente que foram criadas. Também devemos levar em consideração outros fatores como religião, regionalismo e classe social. O mesmo se diz dos homens. Apesar das semelhanças, as pessoas jamais serão totalmente iguais justamente por causa destes fatores que foram citados, que moldam a personalidade de cada um, criando vários estilos de vida, tribos e valores diferentes. Há o público infantil, jovem, adulto, idoso, masculino, feminino, de classe baixa ou alta, enfim, há uma infinidade de grupos e tribos, fazendo com que a publicidade seja segmentada, cabendo ao publicitário conhecer o público ao qual se dirige. A maneira de se criar uma peça publicitária para uma ortodoxa dona de casa, esposa e mãe, submissa ao marido e aos filhos é totalmente diferente da maneira de se compor uma peça para uma mulher jovem, solteira, moderna e independente financeiramente.
Conhecer e dominar a língua portuguesa não é só dever de jornalista e de profissionais de Letras. Escrever uma redação publicitária requer conhecimento da língua e uma cuidadosa seleção lexical, afinal palavras são sedutoras, podem tanto atrair como afastar.
Espero ter contribuído de certa forma, com este texto, para acabar com os "achismos" que ainda predominam e que a publicidade, em especial a área de criação, não é uma tarefa arbitrária e que exige apenas o domínio de programas de edição de fotos, e sim uma arte, uma técnica que exige muito estudo, conhecimento sobre os significados das cores e as sensações psicológicas que elas despertam nos seres humanos, sobre signos e semiótica, língua portuguesa, sociologia, filosofia e psicologia, aliando sempre o conhecimento empírico ao conhecimento científico.

domingo, 23 de maio de 2010

Figuras históricas de Cruz Alta




A grande maioria das escolas do município de Cruz Alta, região noroeste do Rio Grande do Sul, leva o nome de algum personagem histórico da cidade, porém os cruz-altenses muitas vezes desconhecem quem foram estes personagens e qual foi a importância deles para a cidade.


Um exemplo disso é a professora Margarida Pardelhas, cuja importância para o desenvolvimento da educação em Cruz Alta foi fundamental. A Escola Margarida Pardelhas, que leva o nome desta ilustre mestra, nem sempre se chamou assim. Margarida Pardelhas nasceu em 4 de maio de 1886 na cidade de Porto Alegre. Era filha de José Pardelhas e Simpliciana Pardelhas. Veio para Cruz Alta em 1904 como professora do Colégio Distrital onde trabalhou até ser nomeada diretora do colégio, que recebeu o nome de Colégio Elementar Venâncio Aires. Foi diretora deste estabelecimento de ensino durante 19 anos. Como diretora permaneceu até 1933 ao ser transferida para Porto Alegre, sua terra natal, onde fundou a atual Escola Normal 1º de Maio. A seguir foi para Pelotas como diretora da Escola Normal Assis Brasil e lá permaneceu por quatro anos. Em Cruz Alta lecionou 25 anos, onde completou seu jubileu. Quando foram criadas as delegacias de ensino em 1939, foi convidada para escolher a sede que lhe caberia como dirigente de uma delas. Escolheu a 9ª Delegacia Regional de Ensino em Cruz Alta. A mestra e professora Margarida Pardelhas, no alto desempenho de sua função como delegada, à frente da 9ª Região Escolar, que organizou como titular o cargo uma notável administração, veio a falecer em 7 de julho de 1942. Era solteira e deixou os familiares tristes, porém orgulhosos de suas ações. O Colégio Elementar Venâncio Aires, da qual fora fundadora, após sua morte, prestou sua mais sincera homenagem perpetuando para sempre seu nome. Foi assim que o Colégio Elementar de Cruz Alta, pelo decreto nº 741 de 27/03/1943, passou a denominar-se Grupo Escolar Margarida Pardelhas, em homenagem àquela ilustre mestra que tanto esforço dispendia para elevar cada vez mais o ensino.


Outro personagem que deu nome a uma escola da cidade é o professor Heitor Annes Dias. Filho de Lúcio Annes Dias e de Balbina Lopes Dias, nasceu em Cruz Alta, em 19 de julho de 1884. Fez seus estudos de Humanidades no Ginásio Conceição de São Leopoldo. Ingressou aos 14 anos na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, integrando a 2ª turma de alunos por ela diplomados em 1905. Formou-se também em Farmacologia. Aos 21 anos casou-se com Carolina de Revoredo e fixou residência em Cruz Alta. O casal teve dois filhos: Carmem e Cássio Annes Dias. Em 1908, com 23 anos após brilhante concurso, foi nomeado professor de Medicina Legal e Toxicologia, iniciando a sua bem sucedida carreira de professor em Porto Alegre. A seguir foi indicado para a cadeira de Medicina Legal na faculdade de Direito. Durante nove anos lecionou esta disciplina. Em 1917 viajou para a Europa, onde ocorreu a transformação do bom professor de Medicina Legal no grande mestre de Clínica Médica. Ao retornar, em 1918, após proveitoso estágio nos hospitais de Paris, onde esteve a serviço do maior mestre da medicina francesa contemporânea, Widal, foi indicado provisoriamente para a Cátedra (cargo ou função de professor de disciplina de nível universitário, ocupado por professor titular) da 3ª Clínica Médica. Começa aí uma nova etapa para a medicina gaúcha. De 1919 a 1934, quando eleito deputado à Constituinte, embarcou para o Rio de Janeiro, exerceu a Clínica, lecionou e escreveu seus primeiros livros. Em 1934, a Medicina venceu a política e o professor foi transferido para a Universidade do Brasil, na capital federal. Lá seu talento pôde atingir a plenitude do amadurecimento e a sua obra tornou-se mais plena. Annes Dias foi, acima de tudo, um professor e um investigador. Ensinava com competência e sabedoria. Poucos cruz-altenses sabem, mas Annes Dias foi o primeiro médico brasileiro que mostrou as vantagens e os benefícios que o laboratório traz, como coadjuvante da medicina e da cirurgia e o criador de um capítulo novo da medicina mundial: a metereologia clínica.

domingo, 18 de abril de 2010

Resultado da soma de vários artistas











Para muitos adolescentes de hoje em dia que pouco conhecem sobre música de outras épocas, Joanne Stefani Germanotta, mais conhecida como Lady Gaga, parece ser uma cantora inovadora. Talvez por estarem acostumados com cantoras como Katy Perry e Rihanna, a nova geração vê Lady Gaga como uma artista inovadora por ter um visual incomum se comparada com outras cantoras contemporâneas. Irreverente, sim. Inovadora não.
Tudo o que Lady Gaga faz em termos de música e de imagem (começando por seu nome artístico, afinal Gaga é uma referência à canção Radio Ga Ga do Queen) não é nenhuma novidade para quem conhece artistas de épocas passadas, e não apenas aqueles que surgiram a partir da década de 2000. Quando vi Joanne, ou Lady Gaga, pela primeira vez, no clipe "Just Dance", talvez por seus cabelos louros e sua aparência e dancinhas sensualizadas, logo pensei: "Apenas mais uma de milhares de cantoras tentando ser uma nova Madonna, ou talvez até uma cópia de Britney Spears". Mas logo outros clipes de Gaga foram surgindo e percebi que não é só a rainda do Pop que ela quer copiar, ou se inspirar, ou como preferirem. Em muitos clipes, sua maquiagem esquisita bem como penteados e vestimentas andróginas, lembram David Bowie e a diva pop espalhafatosa dos anos 80, Cyndi Lauper; a própria Lady Gaga já afirmou que Cyndi é uma de suas inspirações. Reparem também como o penteado que Gaga aparece na tomada em que está descendo de um carro e sendo fotografada no clipe de Papparazi é bastante parecido com o penteado de Cindy Wilson, do B-52's, no clipe de Legal Tender, de 1985, o ano em que nasci. Também é impossível não comparar Gaga com Grace Jones e a esquisita Nina Hagen. Para quem considera Lady Gaga como uma esquisitona da música por ter um visual chocante, saiba que ela está longe de ser uma pioneira dos esquisitões...
O visual de Gaga nada mais é do que o resultado da soma de vários artistas que faziam sucesso quando ela não havia sequer nascido. David Bowie chocava o público com seu visual andrógino nos anos 70; o público da época talvez nunca tivesse visto antes algum artista com aquelas vestimentas e maquiagem estranhas (ele chegou a declarar que era um ET). Alice Cooper também causou impacto por sua aparência e performances bizarras na mesma época. Nos anos 80 foi a vez de Siouxie, vocalista da banda pós-punk new wave Siouxsie and The Banshees apostar em um visual incomum, que serviu como base para a moda gótica e punk. Não podemos deixar de citar também a bochechuda e escandalosa Cyndi Lauper, com seus cabelos coloridos e roupas estravagantes, estilo que Nina Hagen também adotava. Já nos anos 90, foi a vez de Marilyn Manson criar polêmica por sua imagem nada usual.
Em termos de música, Lady Gaga também não apresenta nada de novo. Apenas copia velhas fórmulas que há muito tempo já foram usadas e que já conhecemos. O produtor do disco aposta em sintetizadores, bateria eletrônica e refrões grudentos, algo que já vimos muito nos anos 80, em músicas de Cyndi Lauper, Madonna e Depeche Mode.
Mas devo confessar que algumas músicas do álbum Fame Monster me agradaram, como Paparazzi, Summer Boy, Brown Eyes e Love Game. Ao menos têm boas melodias, ao contrário do som plastificado, sem graça e insosso de Britney Spears e outras do gênero

segunda-feira, 8 de março de 2010

Desfecho frustrante, mas ótimas cenas




















Sim, o final é decepcionante, como algumas pessoas haviam me dito, inclusive a funcionária da locadora onde loquei o filme. Mas ainda assim, Os Estranhos não pode deixar de ser considerado um bom filme de suspense.

O casal Kristen e James, interpretados respectivamente por Liv Tyler e Scott Speedman, vivem uma noite de pesadelos quando se hospedam na casa do pai de James. O que era pra ser uma noite romântica e de reconciliação - já que o casal havia brigado - se torna um inferno a partir do momento em que uma estranha mulher cujo rosto não aparece para o telespectador bate na porta pedindo informações. Kristen fica sozinha enquanto seu marido (não sei se é o termo correto, pois o filme não deixa claro se eram casados) sai para dirigir e é perseguida por um trio de sádicos mascarados extremamente assustadores. Ao longo do filme me questionei se se tratava de uma armação de James ou se os três mascarados eram na verdade fantasmas, pois a maneira como surgiam e logo após desapareciam era quase sobrenatural. O estreante roteirista e diretor do filme Bryan Bertino acertou em cheio na iluminação e nas cores fortes e contrastantes, o que contribui para tornar o filme tenso e para que nem sempre o telespectador possa identificar claramente o que está acontecendo. Genial a cena em que Kristen está na cozinha e um dos assassinos mascarados surge sutilmente e a observa por algum tempo. Para mim a cena mais marcante e assustadora do longa. E é claro que não poderiam faltar os clichês básicos que aparecem em todos os filmes de terror, como quando o casal decide se separar para verificar o que está acontecendo; James corre floresta a dentro enquanto Kristen fica sozinha na casa, sendo que se ficassem juntos teriam muito mais chances de se defender. Mas sabem como é, esses clichês nos parecem ridículos porque são totalmente diferentes das atitudes que teríamos na vida real diante de uma situação de perigo, entretanto servem para aumentar o suspense e contribuem de certa forma para a história do filme.

Final frustrante? Sem dúvida. Porém Os Estranhos vale a pena ser olhado pelos amantes de terror e suspense porque é inegável a sua eficiência em causar sustos e fazer com que o telespectador seja envolvido pelo clima de tensão que começa quando o casal chega à casa do pai de James e dura até o final. Há rumores de uma continuação, o que talvez justifique o desfecho abstrato que não explica as dúvidas do telespectador sobre o porquê dos acontecimentos.